Limbo

Ei-te vazio, sozinho em multidão

Desfruta cada afã de teu destino

Escolheste com sofreguidão

Ser metade de si, badalo sem sino

Ei-te perplexo, banhado em lágrimas

Bebe gota a gota este fel maldito

Sente a dor das novas lástimas

Foi profecia, já estava escrito

Ei-te invisível, um nada flutuante

Contempla tua existência à míngua

Este estado sem sentido, delirante

Foi declarado por tua própria língua

Ei-te esquecido, apagado, inerte

Lembra o sabor das póstumas alegrias

E que a fortuna um dia o desperte

Deste sono mortal das almas vazias

(Publicado na antologia Poesia Todo Dia, Alphagraphics, 2013)

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