Elegia Nacional

 

I

Ouviram com esperança as falácias

De um paranóico, o brado repugnante

E o tom da desverdade em lábios túrgidos

Guinchou seu fel à pátria hesitante


Se o clamor pela igualdade

Conseguimos relegar à própria sorte

Em teu meio, perversidade,

Desafia-nos o peso dessa morte


À pátria, nada

Abandonada:

Salvem, Salvem!


Brasil, um contra-senso já insípido

De dor, desesperança, recrudesce

Em teu franzido cenho um sonho lívido:

A imagem desta cruz te empalidece 


Gigantes pregam o ódio e a tristeza

Expelem morte em cálidos endossos

Em teu futuro a História te despreza


Terra arrasada

Em um covil, jazes, Brasil

Oh, pátria amada


Aos filhos deste solo

um pai tão vil

Pátria amada, Brasil

 
 

II

Prostrado corpo e mente em vilipêndios

Ao se lançar ao sol o que era oculto

Figurarás, Brasil, borrando a América

Escurecido à sombra de um estulto


Do que a guerra mais sofrida

Teus tristonhos desencantos têm mais dores

Nossas mortes, quem revida?

Réus em vida de anseios e temores 


Aos párias: nada!

Na Alvorada:

Salves-Salves!


Brasil, de horror fraterno batem címbalos

E o bárbaro ostenta seu legado:

Instiga o verde-louro à esta infâmia

Sob um coturno inglório esmagado


Mas se erguem da injustiça novos nortes

Porás um fim ao breu que te insulta

Retomarás o leme de tua sorte


Terra adorada,

Não manche o anil com o fuzil

Ó, pátria armada


Teus filhos pedem colo,

Mãe gentil

Pátria amada, Brasil

 
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